Justiça acata denúncia e jogador do América-MG vira réu por injúria racial

Justiça aceitou denúncia feita pelo Ministério Público por crime de injúria racial

Miguelito "proferiu a ofensa (que, de modo pejorativo, fazia referência à cor de pele da vítima)"

Miguelito virou réu na Justiça
Miguelito virou réu na Justiça. Foto: Mourão Panda/América

Belo Horizonte, MG, 07 (AFI) – O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou o meia Miguelito, do América-MG, pelo crime de injúria racial nesta quarta-feira. Logo depois, a Justiça, por meio da 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa, aceitou a denúncia e o jogador virou réu.

Na denúncia, foi justificado que Miguelito “proferiu a ofensa (que, de modo pejorativo, fazia referência à cor de pele da vítima)”. O jogador teria chamado Allano, do Operário-PR, de “preto cagão”.

O promotor de Justiça, João Conrado Blum Junior, também detalhou a decisão por denunciar o atleta.

“Foram colhidos elementos muito fortes da prática de conduta racista por parte do atleta do América-MG, por isso oferecemos a denúncia contra ele que dará início a ação penal”, explicou.

O CASO

Segundo relato registrado em súmula pelo árbitro Alisson Sidnei Furtado, o atacante Allano, do Operário, acusou Miguelito de tê-lo chamado de “preto cagão” aos 30 minutos do primeiro tempo. A denúncia foi testemunhada pelo volante Jacy, também do time paranaense. A equipe de arbitragem, porém, informou não ter presenciado ou ouvido a suposta ofensa.

O caso foi enquadrado no artigo 20 da Lei nº 7.716/89, que trata de crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça ou cor. Como a legislação não permite pagamento de fiança, o atleta do América-MG ou a noite sob custódia na delegacia local antes de ser conduzido ao Judiciário. A Justiça optou por liberá-lo para responder ao processo em liberdade.

A Polícia Civil do Paraná segue com a investigação e solicitou imagens dos canais de transmissão da partida para apurar se há registro do momento citado. O inquérito deve ser concluído nos próximos dias. A pena para o crime de injúria racial pode chegar a cinco anos de reclusão.

SUSPENSÃO PREVENTIVA

Miguelito já estava suspenso preventivamente e não pode entrar em campo. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por meio do presidente Luís Otávio Veríssimo Teixeira, acatou pedido da Procuradoria e suspendeu o jogador até que o caso seja julgado.

AMÉRICA DÁ APOIO AO JOGADOR

Enquanto o processo tramita, o América reforçou que continuará prestando assistência jurídica e institucional ao jogador, ao mesmo tempo em que mantém sua posição de intolerância com qualquer conduta discriminatória.