Roger Machado elogia elenco do Inter e desabafa sobre calendário

Técnico celebra liderança do Grupo F e critica excesso de jogos, relembrando dores da própria carreira.

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O treinador destacou que mesmo com a pausa prevista para o Mundial de Clubes, entre junho e julho, os problemas continuarão. (Wagner Meier/Getty Images)

Porto Alegre, RS, 29, (AFI) – O Internacional venceu o Bahia por 2 a 1 na noite desta quarta-feira (28), no Beira-Rio, e garantiu a vaga nas oitavas de final da Conmebol Libertadores. Com a vitória, o Colorado terminou em primeiro lugar do Grupo F, com 11 pontos, superando uma chave considerada por muitos como uma das mais difíceis da competição.

Roger Machado exalta capacidade de recuperação do Inter
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Na entrevista coletiva, o técnico Roger Machado valorizou a entrega do elenco, ressaltou a capacidade de reação da equipe em momentos adversos e apresentou dados para defender o grupo diante das críticas recentes.

“Frisei com os dados no pré-jogo para reforçar a confiança dos atletas que se busca o copo vazio. Esse time é fodido, com o perdão da palavra. Ele transforma resultados adversos em bons”, declarou Roger, destacando, inclusive, o empate em 3 a 3 com o Nacional, no Beira-Rio, após o time ter saído atrás no placar.

VALORIZAÇÃO DAS NARRATIVAS

O treinador fez questão de abordar o que chamou de diferentes narrativas em torno dos resultados do Internacional. Segundo Roger, enquanto a mídia nacional vê o time com bons olhos, parte da imprensa local ainda critica de forma excessiva.

“A síntese é analisar diferentes narrativas dos resultados que temos. Quando recuperamos, como após tomar três do Nacional, o centro do país dizia que tínhamos recuperado, mas aqui na nossa aldeia tínhamos evitado um vexame”, disparou.

Roger também agradeceu o apoio da torcida e prometeu empenho total para que o time evolua: “Queríamos classificar. A vitória e combinação de outro resultado nos daria o primeiro lugar. Veio. O torcedor veio ao estádio e queria agradecer pela confiança neste momento de instabilidade. Nem sempre ele entende a escolha, a estratégia do momento. Buscamos fazer o melhor ao grupo. Pode ter certeza de que trabalharemos diuturnamente para vencer, classificar e o torcedor estar feliz.”

Agora, o Internacional aguarda o sorteio para conhecer seu adversário nas oitavas de final da Libertadores. Antes disso, volta a concentrar forças no Brasileirão e enfrenta o Fluminense neste domingo (1º), às 20h30, novamente no Beira-Rio.

SEQUELAS DA CARREIRA

Apesar da classificação, a vitória sobre o Bahia deixou novas preocupações para o departamento médico, como a lesão de Bernabei, substituído ainda durante o jogo. Na coletiva, Roger Machado fez um forte desabafo sobre o calendário do futebol brasileiro e apontou os riscos para a saúde dos atletas.

“Vai acontecer, as lesões musculares vão acontecer nesse cenário. Não é nem o número de jogos, é a densidade deles sendo jogados nesse momento. O futebol brasileiro tem a capacidade de ser a melhor liga do mundo, mas enquanto a gente não cuidar bem do jogador e vender o produto como deve ser, os jogos vão ter baixa qualidade”, criticou.

O treinador destacou que mesmo com a pausa prevista para o Mundial de Clubes, entre junho e julho, os problemas continuarão. “É impossível conseguir cumprir três dias a cada jogo, e depois da parada vai acontecer de novo. A gente está tentando lidar com a nossa diretoria, vai ficar muito caro fazer futebol. Que a gente consiga trazer mais jogadores, contratar, ou seja, onerar a folha para ver se a gente consegue cumprir uma outra perna que vai ser muito pesada também. Para que a gente não tenha que lançar o Raykkonen, de 16 anos, que há duas semanas eu pouco conhecia, lançar porque a gente está precisando da demanda de jogadores pelas lesões, em função dos jogos.”

“O CLUBE QUE GANHA É PUNIDO”

Roger também fez um apelo à CBF para que zele mais pelos atletas e voltou a criticar o gramado sintético, associado a um maior risco de lesões. Ele relembrou ainda as sequelas deixadas pela carreira como jogador, com diversos procedimentos cirúrgicos e dores permanentes.

“O clube que em campo ganha o direito de disputar três competições é punido. Claro que as lesões preocupam. O futebol brasileiro lesiona muito jogador. O jogador que joga na Europa tem uma qualidade de vida e saúde física muito melhor que a nossa. Eu acabei a carreira todo arrebentado, artrose nos dois tornozelos, cinco cirurgias no joelho, três hérnias de disco, uma cirurgia de púbis, dores todos os dias, todos os dias.”

Por fim, criticou o histórico de excesso de jogos no país: “Se jogava a cada 3 dias, na década de 90 teve três jogos no mesmo dia do Campeonato Gaúcho, com todo o respeito, é por isso que o futebol brasileiro está assim.”