Caso Luighi: Leila foi ignorada pela Conmebol e acionará Fifa

"O Palmeiras não vai ar mais qualquer tipo de crime contra nossos atletas. Vamos tomar medidas drásticas"

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, comentou sobre os atos racistas dos quais foi vítima o jovem atacante Luighi, de 18 anos

Luighi, do Palmeiras
Luighi, do Palmeiras

São Paulo, SP, 07 – A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, comentou sobre os atos racistas dos quais foi vítima o jovem atacante Luighi, de 18 anos, em duelo da Copa Libertadores Sub-20, na noite de quinta-feira, no Paraguai. A dirigente repetiu que o clube alviverde irá até as “últimas instâncias” para que o torcedor racista e o Cerro Porteño sejam punidos de forma exemplar e afirmou que pedirá a exclusão do time paraguaio da competição. “Fomos à Conmebol e, se for necessário, vamos até a Fifa”, prometeu.

“Não é a primeira vez que nossos atletas são atacados por racistas em um jogo contra o Cerro Porteño. O árbitro não acatou uma recomendação da Fifa, que é paralisar o jogo. O policial falou para nosso diretor de futebol que aquilo era normal, uma brincadeira. Basta! O Palmeiras não vai ar mais qualquer tipo de crime contra nossos atletas. Vamos tomar medidas drásticas”, disse Leila Pereira.

O jogador foi alvo de cusparadas dos torcedores no estádio Gunther Vogul, na região metropolitana de Assunção, no Paraguai, e relatou ter sido chamado de “macaco”. Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando um macaco em direção ao atacante e ao meio-campista Figueiredo.

A presidente do Palmeiras contou ter sido ignorada pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.

“Não consegui falar com ele. A Conmebol está sendo muito displicente. Estou tentando desde ontem e não consegui”.

LEILA LIGOU PARA JOGADOR

Leila diz ter ligado para o jogador ainda na noite de quinta-feira. Ele também tem recebido apoio psicológico dos profissionais do clube no Paraguai, onde segue a delegação palmeirense. Classificada às semifinais, a equipe não cogita abandonar a competição.

“Sou totalmente contra nos retirarmos da competição. Estaríamos punindo a vítima. São meninos. O sonho deles é brilhar no futebol. Quem tem que ser punido é o criminoso. Continuaremos competindo e nunca abandonaremos o campo. Vamos lutar por punições aos clubes e aos criminosos. Os clubes são coniventes”, explicou a cartola.

Os advogados do Palmeiras estão conversando com a Conmebol e com a CBF, disse a dirigente, para que as punições sejam aplicadas ao time paraguaio e ao autor do insulto racista.

“Como não conseguimos medida efetiva na Conmebol, vamos lutar na CBF e na Fifa. Fico meio descrente, mas vou continuar conversando”.

Luighi recebeu apoio do Palmeiras e de Vinícius Júnior, um dos jogadores que mais luta contra o racismo que sofre sistematicamente na Espanha, além de outros clubes rivais no time alviverde, casos de Corinthians, São Paulo e Santos.

“A gente sempre vai encontrar pessoas má intencionadas na vida, mas não podemos deixar que isso atrapalhe nossos sonhos. Falei isso pra ele”, relatou.

LUIGHI DESABA EM ENTREVISTA

Ao final do jogo, Luighi chorou e deu uma entrevista contundente e corajosa. Ele questionou o repórter da Conmebol, que preferiu perguntar sobre a partida e ignorar os insultos racistas do qual foi vítima o palmeirense.

“É sério isso? Fizeram racismo comigo. Até quando? O que fizeram comigo foi crime. Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Você não ia perguntar sobre isso, né? Fizeram um crime comigo. Aqui é formação, a gente tá aprendendo aqui.”

“Fiquei extremamente raivosa, comovida e chateada”, declarou a presidente depois de ver a entrevista do atacante. “Luighi é um gigante, tenho certeza que terá um futuro brilhante no Brasil e no exterior”.

Os atos racistas se iniciaram após o Palmeiras fazer 3 a 0 sobre o Cerro Porteño, por volta dos 35 minutos do segundo tempo. Apesar de os atletas do time brasileiro terem mostrado ao árbitro da partida o que estava ocorrendo na arquibancada, o jogo continuou normalmente até o final e a equipe alviverde venceu por 3 a 0.

COMUNICADO DO PALMEIRAS

Minutos após o fim da partida, o Palmeiras publicou uma comunicado em que se solidariza com Luighi e promete ir até “as últimas instâncias” para que os autores das ofensas racistas sejam punidos.

“Emitimos nota porque precisamos nos manifestar”, justificou-se Leila aos torcedores. “Mas também tomamos providencias jurídicas”.

Ela ressaltou ser uma mulher madura e experiente, por isso revida e não se sente atingida. “O que me deixa chateada é atacar um menino de 18 anos”.

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