Defesa de Augusto Melo pede habeas corpus para anular indiciamento no Corinthians

Augusto Melo se tornou alvo de impeachment no Corinthians em agosto de 2024 por causa de irregularidades no contrato com a Vai de Bet.

O acordo de R$ 360 milhões com a antiga patrocinadora do clube se tornou alvo de investigação da Polícia Civil

Augusto Melo
Augusto Melo, presidente do Corinthians

São Paulo, SP, 26 – O presidente do Corinthians, Augusto Melo, entrou com um pedido de habeas corpus, nesta segunda-feira, para tentar anular o indiciamento por lavagem de dinheiro, furto qualificado pelo abuso de confiança e associação criminosa, do qual virou alvo na quinta-feira ada.

Embora Augusto seja representado por Ricardo Cury, a petição foi protocolada pelos advogados Isabella Cristine Luna e Clovis Ferreira de Araújo no Foro Criminal da Barra Funda.

O texto também diz que o conteúdo do inquérito não serve “para sustentar a inocorrência de qualquer prática delituosa por parte do paciente, o que, por conseguinte, deveria ensejar o imediato arquivamento do feito e a rejeição de qualquer iniciativa de destituição.”

Augusto Melo se tornou alvo de impeachment no Corinthians em agosto de 2024 por causa de irregularidades no contrato com a Vai de Bet. O acordo de R$ 360 milhões com a antiga patrocinadora do clube se tornou alvo de investigação da Polícia Civil após vir à tona rees da comissão pela intermediadora, cujo dono trabalhou na campanha de Augusto Melo, a uma empresa “laranja”.

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O pedido de destituição foi protocolado por um grupo de 85 conselheiros em agosto de 2024. Depois de dois cancelamentos, a reunião do Conselho Deliberativo para definir o futuro de Augusto Melo aconteceu em janeiro deste ano, mas terminou apenas com a aprovação da issibilidade do processo, em sessão bastante tumultuada.

A defesa de Augusto entrou com duas ações na Justiça de SP para barrar o processo – assim como aliados do presidente também apelaram aos tribunais para tentar impedir o afastamento do dirigente – e buscou judicializar o tema em Brasília. O mandatário foi indiciado associação criminosa, furto qualificado pelo abuso de confiança e lavagem de dinheiro, após a Polícia Civil concluir que a intermediadora do acordo com a Vai de Bet usou uma empresa fantasma para transferir R$ 1 milhão à conta da UJ Football Talent Intermediação, empresa apontada como braço do PCC.

O indiciamento de Augusto Melo aconteceu às vésperas da reunião do Conselho Deliberativo que definiu o afastamento do dirigente/o arquivamento do caso. O dirigente, que nega qualquer tipo de participação nas irregularidades do contrato, também é alvo de outros três pedidos de destituição, que fazem referência a questões financeiras do clube, como a reprovação das contas de 2024 e o aumento do ivo do clube.

ENTENDA O CASO VAI DE BET

Primeiro contrato da gestão Augusto Melo, o acordo de R$ 360 milhões da Vai de Bet com o Corinthians, rescindido unilateralmente pela casa de aposta em junho de 2024, previa o pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à intermediadora Rede Media Social Ltda. Ou seja, R$ 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato.

Citada no contrato como intermediadora do negócio, a Rede Media Social Ltda. tem CNPJ no nome de Alex Cassundé, antigo membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo.

A rescisão por parte da Vai de Bet ocorreu após vir à tona rees de parte da comissão pela Rede Media Social Ltda à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja” cujo CNPJ está em nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher de origem humilde de Peruíbe, no litoral paulista.

A Polícia Civil, por meio da Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), concluiu que a Rede Social Media Ltda usou uma empresa fantasma para fazer R$ 1 milhão chegar à conta bancária da UJ Football Talent Intermediação, empresa apontada como braço do PCC. O clube nega ter contrato com a empresa.

À polícia, Cassundé afirmou que sua ligação com o clube se deu por meio de Marcelo Mariano e o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, que deixou o clube no ano ado. O dono da Rede Media Social negou ter atuado efetivamente como intermediário do acordo, apesar do nome de sua empresa estar no contrato.

Por sua vez, a defesa de Augusto Melo reitera a convicção de que o presidente do Corinthians “não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso” e que o único papel desempenhado por ele foi “ter recebido a proposta, encaminhado aos departamentos competentes e firmado o contrato com a aprovação de todos os setores envolvidos.”

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