Ladeira, de ponta-de-lança a descobridor de talentos
Ladeira, de ponta-de-lança a descobridor de talentos
Ladeira, de ponta-de-lança a descobridor de talentos

Até o início de 1968, o saudoso meia Capeloza se revezava com Cardoso na formação da dupla de atacantes com o também saudoso Vanderlei, no Guarani.
Aí, com Dorival Geraldo dos Santos como treinador interino, o Guarani anunciou com ênfase a estreia do ponta-de-lança Adaílton Ladeira no dia 13 de abril daquela temporada, em jogo no Estádio Brinco de Ouro contra o Comercial, na vitória bugrina por 1 a 0.

Na prática, Ladeira ratificava no time bugrino o futebol recomendável dos tempos de Bangu, dois anos antes, na conquista do título carioca. Na ocasião, o time banguense goleou o Flamengo por 3 a 0, e Ladeira, personagem central, foi vítima do destemperado atacante Almir Pernambuquinho, já falecido, que o agrediu covardemente.
O malvado Almir aplicou rasteira e, com Ladeira no caído, ainda deixou as travas da chuteira nas costas dele, resultando em fraturas de três costelas.
Um dia depois da partida, enquanto Ladeira convalescia em hospital do Rio de Janeiro, Almir apareceu no horário de visita e, arrependido, pediu desculpa.
BOM JOGADOR
Ladeira foi um ponta-de-lança de habilidade e boa visão de jogo até a década de 70, quando os clubes optavam por dois atacantes enfiados.
Apesar da estatura mediana, tinha bom aproveitamento pelo alto, principalmente antecipando-se a zagueiros.
Naqueles tempos, ponta-de-lança não tinha a obrigatoriedade de recuar para ajudar na marcação. Voltava apenas para buscar a bola.
TREINADOR DA BASE
Ladeira identificou-se como treinador das categorias de base desde 1977 no Guarani, com curtas agens em equipes profissionais. Tem-se conhecimento que seu último clube teria sido o Desportivo Brasil. Agora, já completou 76 anos de idade.
Lapidar garotos no futebol é uma questão vocacional. E Ladeira fez esse trabalho por aproximadamente 40 anos, com histórico quantitativo de atletas revelados como os atacantes Careca, João Paulo, Renato e zagueiro Júlio César no Guarani. No Corinthians descobriu o lateral-esquerdo Kléber, meio campista Edu e atacante Gil, entre outros.
Seu hábito de falar alto e ascendência sobre o grupo são bem característicos.
Por conhecer o ‘riscado’, supunha-se que tinha tudo para dar certo em time profissional, mas não deu. O acaso do futebol reservou-lhe unicamente a missão de trabalhar com juniores, com três agens pelo Corinthians.