Roger Machado elogia elenco do Inter e desabafa sobre calendário
Técnico celebra liderança do Grupo F e critica excesso de jogos, relembrando dores da própria carreira.

Porto Alegre, RS, 29, (AFI) – O Internacional venceu o Bahia por 2 a 1 na noite desta quarta-feira (28), no Beira-Rio, e garantiu a vaga nas oitavas de final da Conmebol Libertadores. Com a vitória, o Colorado terminou em primeiro lugar do Grupo F, com 11 pontos, superando uma chave considerada por muitos como uma das mais difíceis da competição.
Na entrevista coletiva, o técnico Roger Machado valorizou a entrega do elenco, ressaltou a capacidade de reação da equipe em momentos adversos e apresentou dados para defender o grupo diante das críticas recentes.
“Frisei com os dados no pré-jogo para reforçar a confiança dos atletas que se busca o copo vazio. Esse time é fodido, com o perdão da palavra. Ele transforma resultados adversos em bons”, declarou Roger, destacando, inclusive, o empate em 3 a 3 com o Nacional, no Beira-Rio, após o time ter saído atrás no placar.
VALORIZAÇÃO DAS NARRATIVAS
O treinador fez questão de abordar o que chamou de diferentes narrativas em torno dos resultados do Internacional. Segundo Roger, enquanto a mídia nacional vê o time com bons olhos, parte da imprensa local ainda critica de forma excessiva.
“A síntese é analisar diferentes narrativas dos resultados que temos. Quando recuperamos, como após tomar três do Nacional, o centro do país dizia que tínhamos recuperado, mas aqui na nossa aldeia tínhamos evitado um vexame”, disparou.
Roger também agradeceu o apoio da torcida e prometeu empenho total para que o time evolua: “Queríamos classificar. A vitória e combinação de outro resultado nos daria o primeiro lugar. Veio. O torcedor veio ao estádio e queria agradecer pela confiança neste momento de instabilidade. Nem sempre ele entende a escolha, a estratégia do momento. Buscamos fazer o melhor ao grupo. Pode ter certeza de que trabalharemos diuturnamente para vencer, classificar e o torcedor estar feliz.”
Agora, o Internacional aguarda o sorteio para conhecer seu adversário nas oitavas de final da Libertadores. Antes disso, volta a concentrar forças no Brasileirão e enfrenta o Fluminense neste domingo (1º), às 20h30, novamente no Beira-Rio.
SEQUELAS DA CARREIRA
Apesar da classificação, a vitória sobre o Bahia deixou novas preocupações para o departamento médico, como a lesão de Bernabei, substituído ainda durante o jogo. Na coletiva, Roger Machado fez um forte desabafo sobre o calendário do futebol brasileiro e apontou os riscos para a saúde dos atletas.
“Vai acontecer, as lesões musculares vão acontecer nesse cenário. Não é nem o número de jogos, é a densidade deles sendo jogados nesse momento. O futebol brasileiro tem a capacidade de ser a melhor liga do mundo, mas enquanto a gente não cuidar bem do jogador e vender o produto como deve ser, os jogos vão ter baixa qualidade”, criticou.
O treinador destacou que mesmo com a pausa prevista para o Mundial de Clubes, entre junho e julho, os problemas continuarão. “É impossível conseguir cumprir três dias a cada jogo, e depois da parada vai acontecer de novo. A gente está tentando lidar com a nossa diretoria, vai ficar muito caro fazer futebol. Que a gente consiga trazer mais jogadores, contratar, ou seja, onerar a folha para ver se a gente consegue cumprir uma outra perna que vai ser muito pesada também. Para que a gente não tenha que lançar o Raykkonen, de 16 anos, que há duas semanas eu pouco conhecia, lançar porque a gente está precisando da demanda de jogadores pelas lesões, em função dos jogos.”
“O CLUBE QUE GANHA É PUNIDO”
Roger também fez um apelo à CBF para que zele mais pelos atletas e voltou a criticar o gramado sintético, associado a um maior risco de lesões. Ele relembrou ainda as sequelas deixadas pela carreira como jogador, com diversos procedimentos cirúrgicos e dores permanentes.
“O clube que em campo ganha o direito de disputar três competições é punido. Claro que as lesões preocupam. O futebol brasileiro lesiona muito jogador. O jogador que joga na Europa tem uma qualidade de vida e saúde física muito melhor que a nossa. Eu acabei a carreira todo arrebentado, artrose nos dois tornozelos, cinco cirurgias no joelho, três hérnias de disco, uma cirurgia de púbis, dores todos os dias, todos os dias.”
Por fim, criticou o histórico de excesso de jogos no país: “Se jogava a cada 3 dias, na década de 90 teve três jogos no mesmo dia do Campeonato Gaúcho, com todo o respeito, é por isso que o futebol brasileiro está assim.”