São Paulo, SP, 28, (AFI) – O técnico Luis Zubeldía demonstrou irritação na entrevista coletiva após a vitória do São Paulo por 2 a 1 sobre o Talleres, na noite desta quarta-feira (29), no Morumbis. O resultado garantiu o Tricolor na primeira colocação do Grupo D da Conmebol Libertadores, mas as duas primeiras perguntas da coletiva não foram sobre a classificação e sim sobre a sua suspensão para as oitavas de final e o caso de xenofobia envolvendo Damián Bobadilla e Miguel Navarro.

Suspenso pelo terceiro cartão amarelo, Zubeldía foi questionado sobre sua ausência no primeiro jogo do mata-mata e sobre a acusação feita por Navarro, que afirmou ter sido vítima de xenofobia por parte de Bobadilla e chegou a chorar em campo. O técnico argentino, porém, demonstrou incômodo com a abordagem.

— As duas primeiras perguntas… Classificamos em primeiro com um time com muitos desfalques, jovens, jogadores de experiência se entregando ao máximo. As duas primeiras perguntas? Entende? Classificamos em primeiro. Desconheço a situação [de xenofobia]. Imagine você em meu lugar, estou no banco de reservas, a 50 metros, faltando 10 minutos… o que eu posso saber desta situação? Não sei nem do que estamos falando — reagiu, visivelmente irritado.

Zubeldía destacou as dificuldades enfrentadas pelo elenco ao longo da fase de grupos e celebrou a classificação, lamentando o foco em outros assuntos.

— Classificamos em primeiro na Libertadores com todos os inconvenientes que tivemos. Agora, se tivéssemos perdido ou empatado, seguramente as perguntas seriam sobre troca, sobre a torcida enojada. Outro dia, ao Maxi [Cuberas, auxiliar], fizeram uma pergunta de mau gosto, deselegante. Classificamos em primeiro com todos os problemas. Querem que eu fale um por um? Jogadores de 17, 18, 20 anos. Hoje o Luciano entrou com o tornozelo assim — disse, gesticulando para indicar o inchaço.

Além de Luciano, que atuou com dores no tornozelo, o zagueiro Ferraresi também jogou com dificuldades, após sofrer com febre na concentração.

— Ferraresi tem jogo com a seleção na próxima semana e hoje jogou com febre. Jogador não vai falar isso, mas vamos reconhecer. Estamos em dívida no Brasileirão, mas estamos todos juntos. A maratona vamos todos juntos. Classificamos em primeiro, com jovens, um com tornozelo assim, outro com contratura, outro com febre — detalhou.

O treinador também explicou que as substituições realizadas durante a partida estavam previamente programadas, respeitando o limite físico dos atletas.

— Lucas Ferreira não podia jogar mais de 60 minutos, por isso a troca com Henrique. André também não podia jogar mais de 60 minutos, corria riscos de lesão. Então tínhamos Ryan e Luciano… as mudanças estavam planificadas — afirmou.

CONFIANÇA NA RECUPERAÇÃO

Com o São Paulo ocupando a 13ª colocação no Campeonato Brasileiro e vindo de derrota para o Mirassol, Zubeldía garantiu confiança na reação da equipe, desde que o elenco esteja menos desfalcado.

— Sou o primeiro defensor de fazer um bom Brasileirão. O que está acontecendo? Muitas dificuldades. Acho que o Brasileirão é mais complexo que tudo, uma maratona, qualquer equipe está em condição de vencer, exemplo: o Mirassol teve uma semana de preparação e nos ganhou bem. Acho que, quando tivermos todos por oito, nove, dez jogos, nos recuperaremos no Brasileirão. Não é um tema menor. Vamos reagir. Momentaneamente, estamos em dívida. Mas com o plantel completo, seremos capazes de vencer quatro ou cinco jogos e terminar mais acima — projetou.

POSSÍVEL PUNIÇÃO

O volante paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, pode ser suspenso de competições organizadas pela Conmebol após ter sido acusado de xenofobia pelo lateral-esquerdo venezuelano Miguel Navarro, do Talleres. Segundo Navarro, Bobadilla o ofendeu chamando-o de “venezuelano morto de fome”. O jogador argentino registrou boletim de ocorrência ainda no estádio.

Bobadilla, por sua vez, deixou o Morumbis antes de ser localizado pela Polícia Militar para prestar depoimento. A Conmebol deverá analisar o caso e, caso comprovada a ofensa, o atleta são-paulino poderá sofrer sanções.